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Atualidade

Quero umas gramas de Salazar 

 

    Muito se tem passado em Portugal, especialmente nos programas da manhã. Eu não sei se os idosos conseguem aguentar o entusiamo, mas eu compreendo a dificuldade. Ora, de um lado temos o Goucha com o Mário Machado e do outro a Cristina com o telefonema inédito do Marcelo.

   Tem-se escrito muito sobre a ida do ex-dirigente da Frente Nacional à TVI, por isso, quero apenas realçar um aspeto. Quando o Goucha pergunta a Bruno Caetano “Também acha que precisamos de um Salazar?”, o “repórter” responde “Um bocado”. Eu diria até entre ¼ a 1/3.Isto fez-me lembrar quando vamos ao supermercado e pedimos cento e cinquenta gramas de fiambre, mas a senhora coloca sempre extra e pergunta “duzentas está bom?”. E, nós, para não nos chatearmos com o assunto, dizemos “Sim está. Obrigada”. Mas, o problema é que à semelhança do fiambre também o extremismo passa das cento e cinquenta às duzentas gramas muito facilmente, ou já se esqueceram da falta de liberdade de expressão, das pessoas que morriam à fome, da ignorância que tanto convinha ao estado… Eu sei que as pessoas estão fartas da corrupção, mas estas ideias extremistas não são definitivamente a solução.

  Isto de querermos um político honesto, não se faz com receitas. Passo a explicar, ¼ de Salazar para se impor, ¼ de Costa para sorrir e nos fazer esquecer que a divida está a crescer, ¼ de Rio para voltarmos à realidade e ao mesmo tempo nos fazer depressivos e ¼ de Marcelo para nos telefonar e dar apoio moral.  No fundo, este “um bocado” suou-me bastante vago para um assunto como este. Será que ele quis dizer só a autoridade de Salazar ou só 1/3 do Salazar total? Se for o primeiro, pode-se preparar para deixar de ser “jornalista” porque do que eu me lembro dos meus livros de história eu acho que muitos desses não tinham grande liberdade na época de Salazar, sendo essa muito importante para esta profissão.

   Em relação a Mário Machado, acho que está tudo dito. É um idiota que cometeu crimes que envolvem racismo e xenofobia, contudo não se diz racista nem xenófobo, muito menos homofóbico. É assim que a malta de extrema direita se contradiz. Parece que não foram à escola quando o professor explicou o Principio da não Contradição.

Contudo, podemos sempre mudar de canal e assistir ao Programa da Cristina, onde o Professor (e Presidente) Marcelo surpreendeu a apresentadora com um telefona, no meio das suas reuniões que são, no fundo, quase que o “background” de toda esta situação. Ninguém quer saber dos impostos ou das leis a aprovar, porque isso não traz metade do entusiasmo de uma senhora a gritar 760…

   É assim, um dia temos um extremista, outro uns coletes amarelos e outro o presidente a telefonar em direto para uma apresentadora. Dias de muita emoção e “um bocado” ignorância.

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